Eles apenas não respondem (alguns até tentam) porque é anatomicamente impossível (devido o formato da língua: nós temos a lingua redonda como os papagaios, ao contrário dos cães).
Abaixo segue a pesquisa feita por Adam Miklosi:
"Se pensa que o seu cachorro só falta falar e que ele tem uma habilidade impressionante de saber quando está fazendo o jantar para mostrar aquele focinho de mendigo, saiba que uma equipe de investigadores demonstrou que as suas suspeitas são pura verdade.
Os cães, tanto filhotes como adultos, são os animais que melhor entendem os sinais emitidos pela comunicação humana. Mesmo os lobos domesticados e criados por seres humanos, não têm a mesma capacidade - diferentemente de filhotes de cães com poucas semanas de vida.
Segundo uma equipe da Universidade Eotvos, de Budapeste, Hungria, os cães aprenderam a comunicar-se com o olhar, como os humanos.
Adam Miklosi e a sua equipe compararam a resposta de cachorros e lobos a ações humanas. Os resultados que tanto lobos domesticados quanto cães conseguem encontrar comida indicada com a mão por um ser humano, mas a performance dos cachorros é melhor que a dos lobos.
Confrontados com uma situação em que não conseguem alcançar a comida, no entanto, os cachorros olham para o humano à espera de uma resposta, enquanto os lobos olham para baixo e tentam descobrir uma forma de alcançá-la.
Esse tipo de comportamento, com o contato "olho no olho", é considerado pelo grupo de investigadores como "tipicamente humano". No entanto, esse comportamento não é imitado nem mesmo por nossos parentes mais próximos, os chimpanzés.
Segundo as conclusões do trabalho, publicado na revista Current Biology, "a prontidão dos cães em olhar para o rosto humano levou a uma forma complexa de comunicação entre homens e cães que não pode ser obtida com lobos, por mais que tenham sido domesticados".
O organizador do estudo, Adam Miklosi comenta: "eu não diria que os cães são mais inteligentes, mas que têm uma inteligência diferente".
Um outro estudo realizado por uma equipe internacional testou a "cognição social" em cães, lobos e chimpanzés. A experiência básica consistia em esconder comida dentro de uns recipientes opacos e dar uma pista aos animais para descobrir onde ela estava - por exemplo, colocando um pedaço de madeira em cima, dando uma palmadinha ou olhando diretamente para o recipiente.
Os cientistas tiveram cuidado para que os animais não farejassem a comida. Descobri-la dependia somente das pistas comunicadas pelo ser humano.
Os competidores tinham todos grandes vantagens: os chimpanzés conseguem perceber diferenças significativas do olhar de outros chimpanzés ou de seres humanos; os lobos também convivem em grupos e transferem a sua lealdade a um líder, assim como os cães fazem com seus donos.
Neste projeto participaram 11 cães e 11 chimpanzés, para ver quem localizava a comida. E os cães venceram os macacos: nove deles encontraram a comida, contra dois dos chimpanzés.
Os cães também ganharam dos lobos, qualquer que fosse a pista: olhar, apontar, dar uma palmadinha. Assim como os filhotes, também mostraram que eram bons avaliadores dos sinais feitos pelos humanos.
Os cientistas concluiram que esse aptidão canina surgiu durante o longo período de domesticação. "Esses resultados dão grande apoio à hipótese da domesticação: que as aptidões socio-comunicativas dos cães com os seres humanos foram adquiridas durante o processo de domesticação."
Traduzido e adaptado por:
Paula Pedro Martins
MNI-Médicos Na Internet
05 de Junho de 2003"